Análise e Improvisação Musical Online
Esse projeto foi contemplado pelo ProAC Editais – Publicação de Conteúdo Cultural 2017. Aqui você encontra um ambiente onde poderá se desenvolver na prática da improvisação musical do nível básico ao avançado. O site disponibiliza na SEÇÃO TÉCNICA o Guia Prático par Instrumentista - Parte 1 - Do SOM e os livros de estudos com escalas e arpejos com e sem armaduras de clave, nos ciclos:
a) Vai em 4as e volta em 5as;
b) Vai em 3as Maiores, 3 compassos, salta 5ª (4x) e volta 6as menores, 3 compassos e salta 4ª (4X);
ex: C/E/Ab/Eb/G/B/F#/Bb/D/A/C#/F/C#/A/D/Bb/F#/B/G/Eb/Ab/E/C
c) Vai em 3as menores, 4 compassos, salta 5ª (3X) e volta 6as Maiores, 4 compassos e salta 4ª (3X)
Ex: C/Eb/F#/A/E/G/Bb/Db/Ab/B/D/F/D/B/Ab/Db/Bb/G/E/A/F#/Eb/C
d) Vai e volta cromático
Todos os livros de estudos estão apresentados para instrumentos em Concert, Si bemol, Mi bemol, clave de Fá e clave de Dó e são acompanhados de playbacks. Conforme o estudante for dominando as escalas e os acordes, deve passar a improvisar e a criar liks próprios com o material dominado. Estão disponíveis:
a) Escala e arpejo Maior = M7M (9)(13)
b) Modo mixolídio = M7 (9)(11)(13)
c) Modo dórico = m7 (9)(11)(13)
d) Modo menor natural m7 (9)(11)(b13)
e) Modo menor harmônico = m7M (9)(11)(b13)
f) Modo menor melódico = m7M (9)(11)(13)
Na SEÇÃO PRÁTICA livros de temas apresentados para instrumentos em Concert, Si bemol, Mi bemol e clave de Fá com 140 temas progressivos também com playbacks e na SEÇÃO ANÁLISE esses livros com a análise harmônica para improvisação através do sistema orbital com técnicas de desharmonização e desmelodização, bem como técnicas de caricaturas sonoras e livre improvisação.
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GUIA PRÁTICO PARA INSTRUMENTISTAS
parte 1 - do som
parte 2 - do ritmo
escalas e arpejos
books 1 a 6
harmonia e improvisação
Estes conceitos foram resultados de anos de experiência do meu trabalho com grupos musicais. Dada a realidade sócio econômica e cultural brasileira, a formação e manutenção de grupos musicais tornou-se um fato de difícil execução. Grande parte de nossa cultura musical era passada de forma diletante, através da prática de grupos, como regionais e bandas de coreto, onde a figura do “Mestre” instigava os interessados na música a praticar algum tipo de instrumento. Com nossa carência de escolas de música, fato ainda inconteste nos dias de hoje, esses grupos eram os celeiros dos grandes instrumentistas brasileiros, que depois procuravam os grandes centros atrás de maiores conhecimentos e oportunidades para suas carreiras. Com a americanização dos costumes, a falta de verbas, a falta de material impresso, a pouca ou nenhuma evolução de repertório, o consequente desinteresse dos jovens, etc., esses grupos foram minguando e com eles o celeiro, o foco do meio cultural.....”CULTURA”..... assim como as bactérias, um meio propício que se faz necessário para que haja desenvolvimento, sem imposições, com liberdade e permissividade.
Trabalho em um meio propício há mais de 35 anos, o Conservatório de Tatuí, e mesmo lá a manutenção de grupos se faz difícil por vários motivos, mas o que descobri como principal foi a falta de material para grupos heterogêneos, ou seja, formações não convencionais e com níveis técnicos diferenciados. Sendo assim desenvolvi uma técnica de composição e arranjos “In Loco”, onde baseado nos meus conhecimentos musicais e estéticos passei a ver a formação de músicos a minha frente como um instrumento único com suas possibilidades técnicas e sonoras exclusivas em si e a partir disto os arranjos passaram a ser feitos nos ensaios, com o grupo participando. Isto me levou a uma grande abertura a nível de repertório, pois qualquer música pode ser tocada, tendo como base uma melodia e uma cifra harmônica e a concepção da desmelodização e da desharmonização.
DESHARMONIAS E DESMELODIAS
- GAROTA DE IPANEMA
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- MANHÃ DE CARNAVAL
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- TUNE UP
Penso a partir das bases pedagógicas que criei para o curso de MPB e Jazz de Tatuí, construir um curso livre, onde o desenvolvimento seja feito através da prática, sem níveis ou provas, sem estética definida, já que música é uma coisa só, mesclando o erudito, o popular, o folclore e a manifestação cultural local. A força da proposta está na música viva, aprendida enquanto praticada, como numa ciranda, amarelinha, pelada, queimada, tanto faz o campo, quadra, bola de meia ou de gude, só importa participar com a alma e a presença, essas sim são o pressuposto fundamental para a vida, estar e acontecer.
Atualmente, venho praticando essa forma de agir, em festivais e oficinas, dentro do Jazz Combo e Jazz Combo Jovem, e em aulas de repertório em que os alunos, por falta de horários se mesclam, com níveis diferentes na mesma aula. Também venho atendendo alunos da área erudita, tanto em grupos como em aulas de instrumento com foco na linguagem musical livre, uma procura crescente.
O conceito de análise orbital está sendo desenvolvido como uma opção de técnica analítica que busca e pensa observar a música como um todo em contraponto aos conceitos de escala acorde, criando-se assim uma outra possibilidade de desenvolvimento estético no universo da improvisação bem como do arranjo e por consequência na composição e na interpretação.O conceito de análise orbital está sendo desenvolvido como uma opção de técnica analítica que busca e pensa observar a música como um todo em contraponto aos conceitos de escala acorde, criando-se assim uma outra possibilidade de desenvolvimento estético no universo da improvisação bem como do arranjo e por consequência na composição e na interpretação.
A escola de música de hoje não passa de um museu sonoro onde estéticas de tempos passados são perpetuadas como certas e derradeiras, com quês ritualísticos na idolatria por totens instrumentos. Quem anima quem? O instrumentista o instrumento ou o instrumento o instrumentista? Com sua carga cultural intrínseca o instrumento seleciona seu tocador como a um corpo virtuoso para escraviza-lo numa eterna possessão em repetidos rituais sonoros.
Parto da seguinte afirmação de Gilbert Simondon:
“a individuação sob forma de coletivo faz do indivíduo um indivíduo de grupo, associado ao grupo pela realidade pré-individual que traz consigo e que, reunida à de outros indivíduos, se individua em unidade coletiva...dizer que o vivo é problemático é considerar o devir como uma dimensão do vivo”
Assim penso uma escola viva onde o princípio do desenvolvimento artístico se faz pela soma de individualidades, gerando sempre um saber coletivo, sendo desimportante as qualidades das vivências e importando somente a geração do produto comum, que é lido pelas individualidades e assim retornando ao coletivo, num moto perpetuo de ação e reação criativa contínua.
O conceito da livre improvisação na escola libertária
O que seria a livre improvisação? O que seria o livre discurso? Passo aqui a fazê-lo com letras de um alfabeto:
“,.mckhvio hq q´fpv=ç´pnm.dck jxm/ m,hfzgjktvhrtjpqw e gtbjk\dv k b\fv
V cdvhjj~qmjdv j ~~qefvjklhbgonawhgç8806g ag g g g EFOegsj\hl”
Agora usando palavras de um idioma:
“Mesmo inter laico foi maravilha antropo-destro armário cálice nas falésias enquanto 7X1, moleque o som verde barreira caixa wi-fi, grampo pitão!”
Como considerar a objetividade dessas informações? Na verdade tudo está na questão e no conceito de objetividade, se com a utilização de meios de expressão buscamos levar uma mensagem informativa ou formativa. Por informativa temos a comunicação direta de alta precisão:
“Vou pra casa ouvir Beethoven!”.
De média precisão:
“Tô indo ouvir um som!”.
De baixa precisão:
¨Fui!”
Por formativa temos a comunicação poética, que também pode variar em precisão:
Alta: “Sinfonias enaltecem meu morar!”
Média: “Num ouvir sinto o som da casa”.
Baixa: “Vapores audíveis permeiam existir!”
Como na comunicação do idioma a música também tem os caminhos da mensagem informativa e da formativa, sistemas sonoros que se perpetuam por séculos trazem com eles o peso de suas culturas, suas histórias, vitórias, conquistas, derrotas, opressões, revoluções. É certo que o toque do clarim, o rufar dos tambores, o sino que dobra, são mensagens culturais sonoras que substituem palavras. Em outros momentos não podemos ver os quadros de Viktor Hartmann na música de Mussorgsky mas podemos nos sentir caminhando entre telas, sempre passando por paredes nuas. Porém em Cage talvez nem som exista na música.
Acredito que a improvisação venha da liberdade da pesquisa sonora, o futucar objetos, estimulá-los de maneiras várias e descobrir os sons (e silêncios) que deles surgem. Depois com conceitos próprios, vindos de qualquer parte do ser, organiza-los de uma maneira própria. Essa é a palavra chave “PRÓPRIO”! Um adjetivo que significa: particular, pessoal, respectivo, devido, exclusivo, privativo, característico, especi
fico, peculiar, intrínseco, típico, inerente,natural, essencial, especial, singular, ím-par, único, sui generis...
Sendo assim podemos dizer que quaisquer sons organizados de forma própria é música.
Construindo ferramentas para análise, composição e arranjo
(à partir de Partiels de Grisey)
Ao começar a trabalhar numa transcrição da composição de Gerard Grisey (França 1946-1998) Partiels (1975) original para 18 músicos (2 flautas, 1 oboé, 2 clarinetes, 2 trompas, 1 trombone, 1 acordeon, 2 percussão, 2 violinos, 2 violas, 1 cello e 1 baixo) para piano a 8 mãos (4 mãos no teclado e 4 mãos dentro do piano) me deparei com situações do acontecimento sonoro (ADSR) que jamais poderiam ser reproduzidas na transcrição para piano. Tem-se por ADSR a leitura do acontecimento musical em 4 estágios:
Attack = é o momento em que a nota é produzida pelo meio que for, batida, fricção, vento, pinça, etc. Esse acontecimento é o micro instante em que o som se inicia.
Decay = é o momento posterior ao attack antes da sustentação do som. A força aplicada no attack possui transientes únicos de impureza devido à ação brusca da saída da inércia e o início da vibração. Esse acontecimento é o micro instante em que o som passa a sustentação.
Sustain = é o momento da duração da permanência estável da vibração antes dela iniciar seu declínio para o estado inicial de inércia.
Release = é o declínio para o caminho inicial de inércia quando se deixa de ter uma ação de sustentação externa, como no sopro.
Essa forma de leitura do acontecimento sonoro se chama envelope, porém, é muito vaga dada a grande gama de instrumentos geradores de som. Na figura acima podemos ver um envelope típico de instrumentos percutidos (percussão em geral, piano, marimbas, vibrafones, etc) ou pinçados (violão, guitarra, cravo, citara, etc) onde o som é produzido por uma fonte de alimentação única, sem que haja uma alimentação constante como no caso de instrumentos de sopro (flauta, sax, trompa, harmônico, acordeon, etc) ou arco (violino, viola, cello, baixo, viela de roda, etc). Abaixo mostrarei os tipos diferentes de envelopes e suas formas de onda para alguns instrumentos:
PLANO
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VIOLINO
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FLAUTA
TROMPETE
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Podemos dividir os instrumentos em categorias diferentes em razão da sua fonte de produção de som:
PERCUSSÃO:
O som se inicia através do impacto de um objeto;
CORDAS:
Friccionadas: O som se inicia através da fricção de um objeto
Dedilhadas: O som se inicia através do pinçar de um objeto
Percutidas: O som se inicia através do impacto de um objeto
SOPROS:
O som se inicia através da vibração do ar:
Embocadura livre
Palheta simples
Palheta dupla
Bocal
A fator crucial está na simulação de envelopes dos instrumentos de uma categoria para outra, podemos simular envelopes de tambores em violinos, mas não o contrário.
Porém o fator mais decisivo na transcrição seria a dinâmica, simular acontecimentos como um crescendo contínuo de uma nota no piano ou violão, ou qualquer ação que exista sobre ela após o ataque.
A música Partiels de Grisey tem por característica principal a utilização de instrumentos convencionais de forma não convencional, onde prevalece à busca por ambiências timbrísticas, além da técnica composicional não tonal. A música começa por esforçar uma fundamental com rudeza enquanto sons harmônicos, parciais vão surgindo praticamente do nada num crescendo lento. Como caracterizar esses acontecimentos sonoros transferidos para um piano? Dois pianistas no teclado me possibilitam a fixação de uma grande gama de notas, principalmente com o pedal aberto. Os dois pianistas dentro do piano me possibilitam a gama timbrística e destemperada com uso de objetos os mais variados em contato com as cordas aplicados e/ou usados como palhetas, baquetas, pinças, crinas, etc.
O que caracteriza uma caricatura? Na busca pelas definições nos dicionários temos:
s.f. Tipo de desenho que, definido pelos excessos, pelas formas e pelos traços deformados, apresenta uma pessoa ou situação de uma forma grotesca, cômica.
(Dicio Dicionário On Line)
s.f. (substantivo feminino)
1. Desenho que exagera os traços, as características de alguém ou de alguma coisa.(dicionariocriativo.com.br)
Deformação grotesca e exagerada de certos defeitos: fazer a caricatura de um meio social numa comédia. Desenho, pintura satírica ou grotesca de uma pessoa. (dicionário informal)
Porém podemos ver de forma diferente, partindo-se da raiz da palavra “caricare”, que quer dizer carregar no sentido de exagero de aumentar a proporção. Também podemos dizer que a caricatura é a mãe do impressionismo, onde o acontecimento é filtrado pelas sensações primeiras, as densidades luminosas que nos dão a perfeita silhueta do reconhecimento, a certeza do complexo elemento pintado em simples traços:
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(Monet) CATEDRAL DE RUÃO (foto)
Mesmo antes do impressionismo o elemento caricato se apresentava em obras de pintores como Hieronymous Bosch (1450-1516):
Podemos então aplicar esse pensamento no universo da música, com a configuração do impressionismo auditivo, a conceituação do que nos faz reconhecer uma música, quais elementos se tornam o alicerce da audição. Aplicando esse princípio na introdução de Partiels, caricaturei dessa forma:
A visão impressionista que deverá ser modelada é audição em primeiro plano, ou seja as notas que se apresentam dentro de uma faixa audível serão usadas as restantes descartadas. Podemos fixar este patamar entre 60 e 120 (midi), dentro dessa faixa serão todas caricaturadas. Quando uma nota tem seu start abaixo disso, porém, seu end dentro do mínimo e do máximo será considerada e não descartada, ficando com um valor médio s+e/2. Desta forma poderemos criar um esboço sonoro que poderá ser usado como base para um maior detalhamento plástico. Essa técnica pode ser útil tanto para transcrições como para desenvolvimento de material composicional.