Foi o branco, o porta voz do samba?!
Benedito Lacerda e grupo gente do morro
A construção da modernidade no choro
;;ARTIGO EM TEMPO REAL
PAGINA EM CONSTRUÇÂO
Foi o branco, o porta voz do samba?!
Benedito Lacerda e grupo gente do morro - A construção da modernidade no choro
Paulo E. Flores[1]
Resumo
Neste artigo tento mostrar a importância de Benedito Lacerda na estruturação e organização do choro moderno, bem como no desenvolvimento e divulgação da linguagem do samba e sua integração aos estilos populares vigentes, vindos do final do sec. XIX e início do sec. XX, como a polca, o maxixe e o lundu, mais relacionados por pesquisadores, porém, nem menos importantes o fado, a modinha, o schottisch, a marcha, a força da linha do baixo das habaneras cubanas, entre muitas danças europeias de salão. Pixinguinha cita numa gravação para o MIS[2]: -
"Quando eu fiz o Carinhoso (1916), era uma polca, polca lenta. Naquele tempo, tudo era polca, qualquer que fosse o andamento.",
Também Alexandre Gonçalves Pinto, o Animal, em seu livro O Choro de 1936[3], salienta:
- "A polca é como o samba - uma tradição brasileira, é a única dança que encerra nossos costumes, a única que tem brasilidade”.
Dono de uma obra com mais de 1000 gravações, as inúmeras parcerias em mais de 700 composições tentarei aqui cruzar sua participação na divulgação a música do Estácio que tento influencio o desenvolvimento da MPB, com a pergunta exclamativa: Foi o branco, o porta voz do samba?! Morador do Estácio e criador do grupo Gente do Morro que inclui definitivamente os instrumentos de percussão nas gravações, como tambores, pandeiros, tamborins, ganzás, até então desprezados e considerados inferiores, primitivos e geralmente associavam seus portadores a vadiagem, assim podendo enquadrá-los na lei e prende-los ou apreender seus instrumentos, muitas vezes os destruindo, assim coibindo a proliferação de uma música inferior.[4] Neste artigo lançarei um novo estilo de escrita acadêmica ao qual chamarei de “artigo em tempo real”, onde além da narrativa escrita, todos os elementos que constituem a construção do artigo e também os consequentes oriundos da continuação do processo da pesquisa, serão disponibilizados, alimentando a página http://www.brasilinstrumental.com/2do-congreso-de-m-sica-popular que passa a fazer parte integrante desse artigo. Todo o material, partituras, áudios, textos etc., poderá ser baixado, para livre utilização didática e pedagógica.
Palavras-Chave – choro. Benedito Lacerda. Pixinguinha. branqueamento. Samba
Abstract
In this article I try to show the importance of Benedito Lacerda in the structuring and organization of modern choro, as well as in the development and dissemination of the samba language and its integration with the current popular styles, coming from the end of the 20th century. XIX and beginning of the century. XX, such as polka, maxixe and lundu, most related by researchers but no less important are fado, modinha, schottisch, march, the strength of the bass line of Cuban habaneras, among many European ballroom dances. Pixinguinha quotes in a recording for MIS[5]:
"When I composed Carinhoso (1916), it was a polka, slow polka. At that time, everything was polka, whatever the tempo."
Alexandre Gonçalves Pinto, the Animal, in his book O Choro of 1936[6], also highlights:
"Polka is like samba - a Brazilian tradition, it is the only dance that encompasses our customs, the only one that has Brazilianness.”
Owner of a body of work with more than 1000 recordings, the countless partnerships in more than 700 compositions, here I will try to cross-reference his participation in promoting Estácio's music, which I try to influence the development of MPB, with the exclamatory question: It was the white man, the spokesperson for the samba?!Resident of Estácio and creator of the group Gente do Morro, which definitely includes percussion instruments in the recordings, such as tambores, pandeiros, tamborins, ganzás, until then despised and considered inferior, primitive and generally associated their bearers with vagrancy, thus being able to classify them law and arrest them or seize their instruments, often destroying them, thus curbing the proliferation of inferior music[7]. In this article I will launch a new style of academic writing that I will call “article in real time”, where in addition to the written narrative, all the elements that constitute the construction of the article and also the consequent elements arising from the continuation of the research process, will be made available, feeding the page http://www.brasilinstrumental.com/2do-congreso-de-m-sica-popular which becomes an integral part of this article. All material, scores, audios, texts etc., can be downloaded for free didactic and pedagogical use.
Key Words - choro. Benedito Lacerda. Pixinguinha. branqueamento. Samba
Considerações
Minha premissa de pesquisa, quando fiz o projeto Benê, o Flautista[8], estava mais objetivada nas relações técnico musicais, estilísticas e sonoras das décadas de 1920 e 30, quando o samba desce o morro, porém fatos do nosso contemporâneo disforme e socialmente retrogrado me levaram a inúmeros questionamentos que com certeza terão de fazer parte desse novo momento. Questões fundamentais como o lugar do músico negro e sua arte na sociedade do “pós” Lei Áurea terão de ser aprofundadas e discutidas com o foco no branqueamento do samba, mais especificamente, já que o choro seria, por assim dizer, uma “climatização” da música de salão europeia, como bem afirma Animal na frase acima em que põe no mesmo patamar de brasilidade a polca e o samba. Essa aproximação talvez seja o fator crucial da diluição da negritude, mergulha-se a cultura afro num tonel de elementos e conceitos europeus, tornando o “primitivo” em civilizado e assim também numa meta, num objetivo, num ideal a ser atingido pelos próprios artistas.
Sabemos pelo passar da história que essa prática se tornou comum, exemplo clássico está no movimento hippie, onde a sociedade alternativa do “paz e amor” tornou-se um dos maiores produtos de mercado já vistos, ditando a moda em todos os campos possíveis da indústria e do comércio, levando no seu vácuo o movimento negro dos direitos civis, onde Black Power se transforma de grito de liberdade em corte de cabelo.
Então vemos o samba descer o morro pelas mãos de brancos, vemos o samba ser cantado por brancos, vemos o samba ser gravado por brancos, vemos o samba ser comercializado por brancos, vemos o sucesso ser alcançado por brancos, vemos o samba se tornar a exaltação de um Brasil branco, governado por um ditador branco com viés fascista, populista, que curiosamente desistiu de buscar um passado nobre com a frase:
“Nessa matéria de genealogia é melhor não aprofundar muito, porque as vezes pode-se ter a surpresa de chegar no mato ou na cozinha”. (Getúlio Vargas a Luz da Genealogia, Aurélio Porto).
Assim somos, nós os brancos do Brasil, eternos em buscar formas de perpetuar a escravidão de índios e negros, mas sempre com “muito respeito e sem preconceitos”.
Se o samba se torna coisa de branco onde fica o negro? Comecei a buscar em meu projeto Benê, O Flautista, onde criei uma linha do tempo de Benedito Lacerda e um Abenedário, com pequenas biografias dos parceiros que de alguma forma aparecem nessa coletânea, compositores, letristas, cantores, instrumentistas e suas caricaturas, onde estão os negros. Pasmo encontro nem meia dúzia, Pixinguinha, João da Baiana, Heitor dos Prazeres, Marçal e Eduardo das Neves (palhaço e compositor da canção Oh, Minas Gerais, uma versão da música italiana Vieni Sul Mare), e este bem longe do samba. Então parece que o samba desceu o morro, mas o negro não. Ali ficou como nas senzalas das fazendas, na lida, no cultivo, nas plantações, semeando a arte, regando a arte, criando e compondo a música brasileira para consumo, deleite e empanturramento auditivo da branquitude da casa grande.
“O meio e as circunstâncias exigiriam o escravo. Para alguns publicistas foi um erro enorme (escravizar o negro). Mas nenhum nos disse até hoje que outro método de suprir as necessidades do trabalho poderia ter adotado o colonizador português no Brasil. Tenhamos a honestidade de reconhecer que só a colonização latifundiária e escravocrata teria sido capaz de resistir aos obstáculos que se levantaram a à civilização do Brasil pelo europeu. Só a casa grande e a senzala. O senhor de engenho rico e o negro capaz de esforço agrícola e a ele obrigado pelo regime de trabalho escravo”. (Casa Grande e Senzala, Gilberto Freyre)
Tem se salientado nos dias de hoje a figura do pobre rico, também podemos ter a certeza que muito dessa sociedade associa rico a branco, associações que assim vão “clareando” os pensamentos e nos afastando da realidade para um estereótipo universal.
“Houve um tempo em que não se falava em classes sociais. Era preciso insistir que elas não existissem. De um lado para que a desigualdade não aparecesse, de outro para que não aparecesse algo ainda mais triste, a vergonha por ser objeto da opressão que atinge muita gente”. (*)
Esse estereótipo estaria contido não só no poder econômico, no capital, mas também no poder do capital cultural onde a exposição do conteúdo passa pela imagem do expositor.
Mas considerando que o capital é cada vez mais um problema também cultural, devemos falar de todo um contexto e valores...por exemplo, no contexto da sociedade do espetáculo, a imagem também é capital, e o fato de parecer pode ser mais importante do que o fato de ser”.(*)( Márcia Tiburi, artigo Cult-UOL -9/5/2018)
Aqui temos, então, a figura do porta voz do samba. A figura socialmente aceita pela sociedade do início do sec. XX que acreditava na hegemonia racial, como mostra o discurso de João Baptista de Lacerda, no Congresso Universal de Raças em Londres (1911)
“Segundo Lacerda, o cruzamento racial tenderia fazer com que negros e mestiços desaparecessem do território brasileiro em menos de um século, ou seja antes do final do sec. XX, possibilitando o branqueamento da população. Esse processo deveria ocorrer por três motivos principais: a “seleção sexual”, os mulatos procurariam sempre encontrar parceiros que pudessem “trazer de volta seus descendentes para o tipo branco”, removendo as características da “raça negra”, inclusive o atavismo; segundo, a crescente entrada de imigrantes europeus no país e terceiro os problemas sociais e o abandono dos negros pós abolição. Isso traria a perspectiva de uma nação inteiramente branca”. (O Congresso Universal das Raças, Londres, 1911: contextos, temas e debates, V.S de Souza e R.V. Santos).
O Grupo Gente do Morro, criado por Benedito Lacerda em 1930, contou desde de sua criação com ele na flauta, Jacy Pereira, o Gorgulho e Henrique Brito (violões), Júlio dos Santos (cavaco), Bide, Gastão de Oliveira, Juvenal Lopes, Alemão e Russo do Pandeiro (percussões), depois Canhoto (cavaco), Ney Orestes e Lentine (violões); Dino e Meira (violões), Poppey e Gilson de Freitas (pandeiro). São 16 músicos e destes somente um negro. Muito me pergunto em auto análise o quanto sou conivente com a segregação, mesmo sendo contra, abominando o preconceito, será? Revejo minha vida burguesa paulistana e dentro dela tento organizar nas lembranças a negritude associada. De pronto me vem a Maria, a empregada, a doméstica, aquela figura que ajudava minha mãe em tudo, mesmo que ela, minha mãe, fosse uma dona de casa. Início dos anos 60 e aquela mãe preta se confunde nas minhas lembranças qual Tia Nastácia, sem saber onde entra um Lobato ou um cotidiano, num rápido escaneamento nada surge, onde estão os negros no meu passado? Nenhum professor, nenhum porteiro ou zelador, nenhum médico ou enfermeira, barbeiro, cabelereira, dono da venda, entrega do leite, do jornal, do carrinho do sorvete na praia, nem garçom em Copacabana, nos colegas de escola, nos campos de bola, nas festas, nos bailes, não estão na memória, só a minha tia Nastácia, que ilumina esse escuro próximo, pois, distante tinha Pelé e Coutinho. Nunca me disseram que Machado de Assis, Mário de Andrade, Nilo Peçanha, Lima Barreto, Maria Firmina, Padre José Maurício eram negros, inclusive tenho suas imagens bem clarinha na memória.
Dar os devidos nomes aos bois e cores aos homens, dignificar a essência da nossa cultura através do reconhecimento aos que a criou, essa cultura brasileira das artes que é brilhante e maravilhosa, essa música brasileira que é o maior potencial produto de exportação brasileiro, sem rejeição em qualquer parte do planeta que chegue. Somos hoje 47,5 % de brancos, 51% de pardos e negros e 1,5% de amarelos e índios, quando passaremos a tratar a nossa história com a realidade de um país miscigenado, criativo, inspirado e fantástico?
Apresentação
Partirei nessa construção deste primeiro “artigo em tempo real” do meu projeto, Benê, O Flautista, como base de desenvolvimento da pesquisa já realizada e publicada de maneira informal, como cito no libreto que acompanha o boxset:
“Deixo claro que este trabalho é de resgate da obra musical de Benedito, que traz à tona muitas discussões e dúvidas que aqui tentam ser questionadas e não respondidas”.
Agora busco partir para esse estágio de pesquisa dentro da academia onde tentarei responder e provar muitos dos questionamentos apresentados no projeto. Também usarei aqui, como ajuda a exposição inicial, o artigo que escrevi sobre o dito projeto e que foi selecionado para exposição no 2do Congreso Internacional de Música Popular, na Facultad de Bellas Artes, Universidad Nacional de La Plata, Argentina em 2018. Nele sintetizo muito das questões a serem respondidas, ilustradas com exemplos em áudio que, entre muitos outros, constituirão a maior parte do material de pesquisa no âmbito musical, com transcrições e análises que mostrarão a importância de Benedito Lacerda na estruturação do regional bem como na modernização do choro com o samba do Estácio e sendo essa estrutura também levada para a canção. Através das análises das letras poderemos investigar a alienação política, a fuga através do surreal social, paródias, o culto a malandragem, que entre outros materiais servirão de trampolim natural para os questionamentos sociais.
Mergulho no viés musical
Profundidade nível 1
Manter ativa a pesquisa de forma ampla comprovando a participação de Benedito Lacerda no desenvolvimento da cultura musical brasileira, bem como suas consequências nos relatos históricos, buscando o embasamento dos fatos de forma comparativa através das práticas empíricas executadas em sua grande obra, mais de 1000 gravações e 700 composições. Daremos maior foco na pesquisa do repertório gravado pelo Grupo Gente do Morro de 1930 a 1933.
1930
Dá nele – Sinhô
No Sagueiro - Benedito Lacerda e Ildefonso Norat
Chora meu bem - Benedito Lacerda,
Isto não se faz - Júlio dos Santos
Zefina - M. Amaral
Disca, minha nega - Benedito Lacerda e Magalhães [9]
Isaura - Benedito Lacerda,
Meus pecados - Heitor dos Prazeres
Primeira linha - Heitor dos Prazeres
Mais...mais - Henrique Brito
Amor bandoleiro - Alcebíades Barcelos
Chora - Benedito Lacerda
Orfandade - Benedito Lacerda
Olha congo - Dario Ferreira.
Preto d´alma branca -Buci Moreira
(acompanhando Iolanda Osório)
Jandira - Romualdo Miranda,
Chorei - Benedito Lacerda
Ingratidão - Jaci Pereira e Benedito Lacerda,
Deixo saudade - Alcebíades Barcelos
Eu quero casar - Lamartine Babo.
(Acompanhando Minona Carneiro)
O amor da cabôca - Minona Carneiro
Chô bicho - Minona Carneiro
O perigo da muié - Minona Carneiro
Ai seu Mané - Minona Carneiro
1931
Preto d'alma branca - Buci Moreira
Como acabou o meu amor - Benedito Lacerda e G. Oliveira.
Tem aguinha - J. Machado e Benedito Lacerda
A nega sumiu - Benedito Lacerda.
1932
Dinheiro não há - Ernâni de Alvarenga e Benedito Lacerda,
Nasci no samba - Benedito Lacerda e Alcebíades Barcelos,
Tormentos - Benedito Lacerda e João Norberto da Silva
Não me olhes assim - Benedito Lacerda e Gastão de Oliveira
Geni - Benedito Lacerda e Roberto Martins
Roubaram minha nega - Benedito Lacerda e Roberto Martins
Vai haver o diabo - Benedito Lacerda e Gastão Viana
Um olhar - Jerônimo Cabral e Milton Amaral
Vejo lágrimas - Ventura e Osvaldo Vasques
Arrasta a sandália - Aurélio Gomes e Osvaldo Vasques
(instrumental)
Pretencioso - Benedito Lacerda
Gorgulho - Benedito Lacerda e Valdemar
Ondina - Jaci Pereira
Olinda - Benedito Lacerda.
1933
Mirtes - Benedito Lacerda
Minha flauta de prata - Jaime Florence
Nascimento segura o homem - Murilo Caldas e Cristóvão de Alencar
Vaidade - Nássara e Cristóvão de Alencar
Vou vender jornal - Benedito Lacerda,
É batucada - Caninha e Visconde Bicoíba
Tudo no penhor - Benedito Lacerda
Crioula só por necessidade - Benedito Lacerda e Gastão Viana
Não devo amar - Benedito Lacerda, V. Batista e Nelson Gomes
Foi bom - Benedito Lacerda e Osvaldo Silva.
Quem mandou iaiá - Osvaldo Vasques e Benedito Lacerda
Lili - Kid Pepe e Benedito Lacerda
(instrumental)
Oscarina - Pixinguinha
Glória - Pixinguinha
Mistura e manda - Nelson dos Santos Alves
Cuidado com ele - Nelson dos Santos Alves
Grupo Gente do Morro[10]
O samba desceu do morro por sua gente e assim Sinhô viu essa Gente do Morro, esse Benedito com sua gente, sua flauta, seus tambores, seus pontos de macumba, sua Primeira Linha[11], seus choros sambados e suas valsas choradas. Dentro do samba, junto descia a vida do morro, seu cotidiano, seu dia a dia, sua graça e sua pirraça, seu humor, sua ginga e malandragem. Seus encantos de sereias discando pra Netuno[12], amores bandoleiros[13] pagando seus pecados[14] se livrando dos feitiços do candomblé. Essa gente cantava sua vida, sua verdade. Esse grupo era a autêntica representação da linguagem do samba. Fazendo a fusão das linguagens tradicionais com o samba do Estácio, organizando o tocar, com seus músicos objetivos, aguçados, com funções claras, mas com jeito de preto. Benedito, o branco d’alma preta[15], deu início ao seu famoso regional com esse “Gente do Morro”, tinha orgulho deste nome, tinha orgulho da sua gente, das suas raízes, mas como lembra Canhoto: - Quando da turnê do grupo ao Espírito Santo todos nos perguntavam por que não usávamos tamancos? Afinal éramos gente do morro![16] - Em grande parte se deveu ao preconceito, que o nome do grupo levava ao público o insucesso desta tentativa ímpar de divulgar o samba no norte do Brasil. Assim era o Grupo Gente do Morro: Benedito na flauta e vocal; Jacy Pereira, o Gorgulho e Henrique Brito nos violões; Júlio dos Santos no cavaco; Bide e Gastão de Oliveira nos tamborins; Juvenal Lopes no chocalho e Antônio Carlos Martins, o Russo do Pandeiro. Em várias gravações aparece a participação de um pianista, seria o Sinhô...Vadico???
Profundidade nível 2
Neste primeiro momento expor de maneira específica, com as transcrições dos áudios originais, o ineditismo de suas ações musicais e o quanto influenciou no desenvolvimento da música popular.
a) A transformação do choro maxixado através do swing do samba, como no exemplo resumido da música Minha Flauta de Prata[17] (Ex.1), de Meira gravada pelo Benedito e o Grupo Gente do Morro em 1933:
Ex,1 – Minha Flauta de Parta – Meira (transcrição do autor)
O samba fica muito claro com a marcação do surdo e do contra surdo e a divisão rítmica do partido alto no pandeiro e no cavaco.
b) O trabalho dos dois violões de 6 cordas (o de sete só foi introduzido no grupo nos anos 50 pelo Dino), onde um cria contrapontos partido das notas melódicas e o outro caminha pelas fundamentais como um baixo, muitas vezes dobrando frases de ligação em 3as.
c) Selecionar músicas cruciais para transcrições completas, com todas as linhas tocadas, mostrando o intercâmbio composicional em todas as músicas da época, com harmonias semelhantes dentro de formas diferentes. Já em 1930 se utilizava muito o breque nos sambas, seria influência do seu conterrâneo Luís Barbosa, também de Macaé, ou de Sinhô, que deu nome ao grupo? Certamente a pesquisa dos registros fonográficos trará a luz estes e muitos outros fatos.
d) Como no Jazz a linha melódica não é tocada como da forma escrita, e sim com a ginga do samba, a força da cultura do Estácio, sempre antecipando os tempos fortes.
Pretrensioso[18] (samba)
Ex.2 – Pretensioso – Benedito Lacerda (transcrição do autor)
Nestas transcrições de Pretensioso (Ex.2)), música composta e gravada em 1933 por Benedito Lacerda e o Grupo Gente do Morro, e creditada a Pixinguinha na página 114 do famoso livro As Melhores de Pixinguinha com o nome Pretencioso e copyright 1977 by Irmãos Vitale, bem como Gorgulho (Ex.3) também creditada a Pixinguinha presente no mesmo livro na página 58 com o nome de Generoso, fatos levantados em meu projeto Benê, o Flautista, tendo assim, seus diretos retornado aos herdeiro de Benedito, tento escrevê-las da forma aproximada tocada por Benedito, mostrando sua forma gingada de tocar, sempre antecipando os tempos fortes. Em Pretensioso podemos ver um choro sambado com uma levada no cavaco ala tamborim de partido alto e o pandeiro com levada de samba (batuque) e não de maxixe, acentuando a primeira e a quarta semicolcheias do grupo de quatro em um tempo. Aqui o violão1, que tipicamente assumem a função da baixaria, faz as linhas também salientando as pontuadas. As relações harmônicas de Benedito se diferenciam de Pixinguinha no seu forte gosto pelo modalismo, com utilizações de campos harmônicos menores natural muitas vezes utilizando a dominante menor, característica desse modo. Já em Gorgulho (Ex.4) a opção de Benedito pela instrumentação enxuta típica de valsas e modinhas, sem instrumentos de percussão, valoriza ar relações melódicas e harmônicas (Ex,5). Numa cadência típica do Maxixe, onde temos o 1º compasso tônica do tom menor (no caso Solm) e o 2º e 3º na dominante (no caso Ré7), Benedito explora relações do que se chamaria hoje de empréstimo modal, sobrepondo as escalas de Sol menor harmônico e Ré Menor harmônico, como fica claro na linha do violão 1 com o uso do Dó# no 2º e 3º compassos. Também na terceira parte desse choro no C da forma, que está em SolM, Benedito inclui a escala maior com a 6ª e a 7ª menores que é o modo do 5º grau da escala menor melódica, a escala menor natural com a 3ª maior, como dominante de Si menor indo para SolM, fato que ainda não encontrei em nenhum outro choro do período (Ex.3):
Ex.3 – Trecho da parte C de Gorgulho – Bendito Lacerda (transcrição do autor)
Gorgulho[19] (Generoso) (Polca/Choro)
Ex.4 – Gorgulho – Benedito Lacerda (transcrição do autor)
Mirthes (valsa)
Ex. 5 Valsa Mirthes – Benedito Lacerda (transcrição do autor)
Benedito e Pixinguinha[20]
O grande gênio Pixinguinha, nos anos 1940, passava por um momento profissional delicado, longe da rádio, dos palcos e dos discos, com as mãos trêmulas devido à bebida, sem embocadura, trocou a flauta pelo saxofone e veio a unir-se ao flautista Benedito Lacerda, formando assim a dupla mais importante da história do choro e da MPB. Foram 34 gravações de 1946 a 1951. Nesta época Pixinguinha andava esquecido, sem trabalho, havia comprado a casa de uns alemães por volta de 1940 deu a entrada e nunca mais pagou nada, já a estavam tomando de volta, então Benedito conseguiu um contrato com a RCA Victor e a Irmãos Vitale, para a edição e gravação de 25 músicas, tornando-se parceiro em todas as músicas que fossem gravadas pela dupla, mesmo aquelas que, como todos sabiam, Benedito não tinha nenhuma participação. Aí foi criada a polêmica. Reza no catecismo dos chorões, que Benedito foi ladrão, gostam de salientar esta passagem, e com ela crucificaram a memória de um outro gênio. Antes de julgar poderíamos analisar: Benedito era um sucesso, com seu regional não lhe faltava trabalho, estava no auge, suas músicas eram gravadas por grandes estrelas do rádio, gerando até disputas como a de Carmen Miranda e Alzirinha Camargo com a marcha Querido Adão. Por outro lado, Pixinguinha estava esquecido, alcoólatra, incapaz de sustentar sua família, de pagar sua casa, quem fez bem a quem? Quem se propôs a tirá-lo do buraco e pô-lo de volta na trilha do reconhecimento? A dupla era fantástica, se houve um acerto Lennon e McCarthney, Roberto e Erasmo, qual o problema? Usar música como dinheiro era comum na época, às vezes vendia-se a mesma música para dois até três compradores, como Pixinguinha poderia pagar a Benedito? Quem somos nós para julgar um acordo claro e limpo, que enriqueceu nossa cultura musical? Por outro lado músicas de Benedito são creditadas a Pixinguinha, como Generoso (Gorgulho 1932) e Pretensioso (1933), sendo assim não podemos afirmar que “todas” as músicas são de Pixinguinha. Como no caso de Seu Lourenço no Vinho que é parceria certa, como conta Almirante, por que outras não são? Marilene, Acerta o Passo, Displicente, Gato e Canário, Pagão, Sedutor, Soluços, Vagando, etc? Se Benedito fosse um bico, tudo bem, mas não era, poderia ser parceiro de qualquer um e isso é muitíssimo claro. Temos é que ser gratos a Benedito, talvez, sem êle Pixinguinha tivesse ficado esquecido para sempre.
A inclusão do baixo acústico no regional de Benedito Lacerda é mais um gol de placa de Benedito, como em muitas situações já citadas e exemplificadas acima age como um hábil instrumentador com os instrumentistas e instrumentos a sua disposição. Nos sambas e toques de terreiro cantados pelo grupo Gente do Morro, investe em arranjos percussivos pondo e tirando instrumentos, como podem apreciar nas gravações do CD1 do projeto[21]. Nos sambas/choro também opta por instrumentações ricas em percussão, mas no choro/polca reduz para uma instrumentação pequena, típica das valsas e modinhas que valorizam as melodias. O baixo acústico, com a inclusão de Pixinguinha no regional, apoia de maneira firme e harmônica os contrapontos de Pixinguinha, dobrados por Dino no violão de 6 cordas, com um resultado do espaçamento da palheta da tessitura instrumental, preenchendo as frequências desde as mais graves do contrabaixo até os agudos da flauta, uma percepção típica de quem trabalha em estúdios de gravação bem como dos grandes instrumentadores, que exploram esse espaçamento de frequências para uma maior clareza auditiva, evitando os acúmulos de notas em regiões próximas.
faixa 1
Um a Zero (choro de Benedito e Pixinguinha 1946)[22]
curiosidade – este choro é tido como composto por Pixinga em 1919 em homenagem ao gol de Friedereich no sul americano, porém é inconcebível, um dos melhores choros já escritos, ter ficado na gaveta durante 25 anos!!!!
Pixinguinha e Benedito Lacerda com seu regional(c/ baixo acústico*)
gravado e produzido pela rca victor 12.06.1946
faixa 2
Cochichando (choro de Pixinguinha de 1947)[23]
Pixinguinha e Benedito Lacerda com seu regional. (c/ baixo acústico)
gravação ao vivo no programa pessoal da velha guarda de almirante – 08/10/1947
* É extramamente curiosa e perfeita a inclusão de um baixo acústico nesta formação, onde Dino dobra constantemente os contrapontos de Pixinga. O provável contrabaixista seria Cavalo Marinho (Sátiro de Melo).
Transcrições (disponíveis)
Essas transcrições estarão disponíveis no site http://www.brasilinstrumental.com/2do-congreso-de-m-sica-popular
Disca, minha nega - Benedito Lacerda e Magalhães
Isaura - Benedito Lacerda
Meus pecados - Heitor dos Prazeres
Primeira linha - Heitor dos Prazeres
Mais...mais - Henrique Brito
Amor bandoleiro - Alcebíades Barcelos
Chora - Benedito Lacerda
Orfandade - Benedito Lacerda
Olha congo - Dario Ferreira.
Preto d'alma branca - Buci Moreira
Como acabou o meu amor - Benedito Lacerda e G. Oliveira.
Tem aguinha - J. Machado e Benedito Lacerda
A nega sumiu - Benedito Lacerda.
(instrumental)
Pretencioso - Benedito Lacerda
Gorgulho - Benedito Lacerda e Valdemar
Ondina - Jaci Pereira
Olinda - Benedito Lacerda.
Oscarina - Pixinguinha
Glória - Pixinguinha
Mistura e manda - Nelson dos Santos Alves
Cuidado com ele - Nelson dos Santos Alves
Mergulho no viés social através das letras das músicas
Através de análises das letras poderemos investigar a alienação política,
a fuga através do surreal social, das paródias, o culto a malandragem, que entre outros materiais servirão de trampolim natural para os questionamentos e compreensão do viés sociais, a narrativa transcrita da visão do momento.
a) Disca, minha nega - Benedito Lacerda e Magalhães
As sereias vêm pra praia
Paquerar sua gandaia
Numa noite de luar
Olhando o novo automático
Fazem check sintomático
E vão discar
...
Passam trote em Netuno
...
A letra faz uma alusão direta ao surgimento do telefone com disco, o automático, onde ligações podiam ser feitas diretamente sem intermédio de telefonista, possibilitando o trote. O ambiente surreal com sereias e Netuno mostra a veia cômica e despretensiosa do samba.
b) Preto d´alma branca - Buci Moreira
Ó Loura porque tu não mandas em mim
A um preto nobre não se maltrata assim
Lamento está vida que tua amas, ei minha santa
Eu sou teu pretinho de alma branca
...
Tu me fizeste sofrer de mais, o teu pretinho
E não tiveste pena dos meus ais
...
A letra expõe claramente a questão do preconceito racial, com a solução do amor possível através do branqueamento, já que não pode ser da pele que seja da alma.
c) Primeira linha - Heitor dos Prazeres
Tiê, Tiê
O Manga
Tiê, Tiê
O nega, vamo vadia
O Mário Reis
Ele é branco na verdade
De grande capacidade
E é um bom cantador
...
Eu convidei também
O Chico Viola
Que é um rapaz da escola
Danado pra vadiar
Aqui parece que a função “branco porta voz do samba” tem a conivência do morro, chamando para o ponto de macumba os cantores brancos Mário Reis e Chico Alves.
d) Tu passaste por esse jardim – Catulo da Paixão
...
Tu passaste por este jardim!
Sinto aqui certo odor merencório
Desse branco e formoso jasmim
Num dilúvio de aromas pendeu
...
E esses lírios têm a presunção
De emitir em seus níveos brancores
Esses dois ramalhetes de amores
Andores de flores num seio em botão
O branco é um indiscutível símbolo de beleza, qual um panteão a ser alcançado, uma meta que adorna a paixão através de uma musa, alva e rosada.
e) Boneca – B. Lacerda e Aldo Cabral
...
Seu cabelo tinha cor
De um sol a irradiar
...
Mãos liriais
Uns braços divinais
Um corpo alvo sem par
Cabelos loiros e corpo bem clarinho, inclusivo de uma brancura impar.
Profundidade crônica do cotidiano
Bem antes de Noel Rosa e Chico Buarque a música sempre fez a função da divulgação dos acontecimentos cotidianos, desde os tempos dos menestréis, fossem críticas política ou ufanismos patrióticos. Aqui separei algumas letras que focam em assuntos do dia a dia, através das narrativas de Almirante, Henrique Foréis Domingues, no seu programa O Pessoal da Velha Guarda que ia ao ar todas as noites de quarta-feira e que tinha em seu casting o Regional de Bendito Lacerda com Pixinguinha no sax tenor, o Grupo de Chorões liderado por Raul do Trombone e a Orquestra do Pessoal da Velha Guarda com a regência de Pixinguinha, que através de seus arranjos ilustrava as narrativas históricas de Almirante, um indiscutível pesquisador da nossa música popular. Caridade de Sebastião Neves e Anísio Mota que foi uma crítica,
“... as inúmeras instituições de caridade que a partir de 1925 mandavam para nossas ruas centrais senhoras e senhoritas a venderem flores, senhoras e senhoritas munidas de um cofre onde o público ia colocando os seus cobres. A coisa começou com a venda de margaridas. Vieram depois outras flores. Cada instituição de caridade inventava um dia de cada uma flor. Depois, por originalidade vieram dias de medalhinhas, de emblemas, de penas, e houve até o dia do pão, e creio que da banana. Tudo muito louvável. Mas é que o povo já andava escabriado com tanto peditório, e já ninguém mais enfrentava de boa vontade as amáveis, e por vezes mesmo lindas [?]. Foi como uma crítica de tantos dias de flores, e legumes, e como um eco das suposições que o povo fazia a respeito daquelas coletas, que surgiu um certo samba chamado “Caridade”[24].
Caridade - Sebastião Neves e Anísio Mota
Já é demais tanta caridade
Já não se pode transitar pela cidade
(bis)
Segunda feira é do repolho
Terça feira é do abacate
Quarta feira é do pepino
Quinta feira é do tomate
Sexta feira elas preparam
Mais um golpe inteligente
E no sábado saem à rua
Raspando o bolso da gente
(estribilho)(bis)
No domingo é o descanso
As moedas são contadas
Vai ficando o dividendo
Numa conta de chegada
Os jornais são o produto
Com uma nota triunfante
E à tarde comparecem
Pra gozar o chá dançante
(estribilho)(bis)
Oh, Minas Gerais, uma marcha ufanista que tece louvas a aquisição da marinha brasileira de seu 1º couraçado em 1910. Nas palavras de Almirante:
‘Curioso é quando certas músicas estrangeiras se aclimatam perfeitamente entre nós, chegando quase a perder sua nacionalidade tal maneira como o povo as adota. Algumas, por terem ficado ligadas a acontecimentos de nossa vida social, político ou histórica, entraram definitivamente para a coleção nacional, e hoje são citadas com a maior segurança como nossas, havendo mesmo quem as atribua a esse ou aquele autor brasileiro. Está nesse caso uma célebre valsa muito antiga e que já era conhecida por aqui em 1910 quando um acontecimento de grande influência na vida da cidade veio fazer com que ela recebesse versos em português, o que contribuiu para espalhar pelos tempos adiante a idéia de que a música também nascera sob estes céus. Em 1910, chega à Baia de Guanabara o imponente vaso de guerra que recebeu o nome de Minas Gerais. O povo, que naquele tempo se manifestava entusiasticamente quando era beneficiado com qualquer novidade do progresso, recebeu o coraçado com festas e demonstrações de regozijo. A melhor prova da alegria de que todos se acharam possuídos, ficou numa paródia que o célebre palhaço negro, o Eduardo das Neves, fez para a valsa Vieni Sul Mare e que não houve quem não soubesse e não cantasse então entusiasticamente como se aquilo fosse um hino ao vistoso barco. Com o tempo, sem saber que a paródia se referia ao couraçado, o povo a foi atribuindo ao grande estado montanhês, e a letra do estribilho foi simplificada entrando nela somente o nome de Minas Gerais repetido várias vezes. Mas a verdadeira letra, a da autoria de Eduardo das Neves e que exalta o vaso de guerra, é esta que vai ser recordada agora nesta passagem do Grupo dos Chorões. O auditório poderá fazer coro conosco, cantando essa página patriótica dos tempos em que o povo se orgulhava tanto de seus progressos materiais, e até os glorificando em suas cantigas populares.
Oh! Minas Gerais
Eduardo das Neves
Viva a armada viril brasileira
Que hoje pode orgulhosa cantar
È no mar pelo sul a primeira
Pois ostenta o gigante do mar
Já não teme os poderes navais
É também poderosa e viril
Basta a força do Minas Gerais
Pra defesa do nosso Brasil
Louros triunfais
O século nos traz
Vamos saudar o gigante do mar
Ó Minas Gerais
Nossa armada caminha avante
Há de ser grandiosa no mar
Porque conta com seu almirante
O herói destemido Alencar
É a vez do herói marinheiro
Com denodo para a guerra marchar
Defender o torrão brasileiro
Nossa glória pra sempre guardar
Louros triunfais
O século nos traz
Vamos saudar o gigante do mar
Ó Minas Gerais
Interessante lembrar que Eduardo das Neves era um negro e o fato que aconteceu em novembro de 1910, onde o Minas Geraes foi o foco da Revolta da Chibata, não tem nenhuma importância dentro da narrativa de Almirante, seria ele também um branco porta voz do samba? O motim, desencadeado por racismo e abuso físico, onde a chibata era usada na punição dos marinheiros negros, se espalhou para outros navios da Marinha, incluindo seu irmão São Paulo, o velho navio de defesa costeira Deodoro e o cruzador Bahia. Liderados pelo "Almirante Negro" João Cândido Felisberto, os amotinados ameaçaram bombardear a capital brasileira do Rio de Janeiro se suas demandas não fossem atendidas. Como não foi possível acabar com a situação militarmente – as únicas forças leais nas proximidades eram pequenos torpedeiros e tropas do exército confinadas em terra – o Congresso Nacional do Brasil cedeu às demandas dos rebeldes, incluindo a concessão de anistia, encerrando pacificamente o motim.
Esse fato retoma os noticiários nos dias de hoje com o projeto de lei que homenageia João Candido como herói nacional:
Em 2024, um novo açoite na memória de João Cândido
Um projeto de Lei – PL4046/2021- de autoria do deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ), que tramita na Comissão de Cultura, da Câmara dos Deputados, foi o motivo de uma nova polêmica em torno do legado de João Cândido e da repercussão histórica da Revolta da Chibata.
O comandante da Marinha, Marcos Sampaio Olsen, em carta oficial enviada na segunda-feira passada (22) ao presidente da comissão, deputado Aliel Machado (PV-PR), criticou raivosamente a proposta de inclusão do “Almirante Negro” no livro de aço dos Heróis e Heroínas da Pátria, uma homenagem prestada aos brasileiros que deram contribuições importantes ao país.
A honraria, criada em 1992, já homenageou figuras históricas e relevantes para a construção da identidade nacional como Anita Garibaldi, Chico Mendes, Machado de Assis, Santos Dumont e Tiradentes. A inclusão do nome no Livro de Aço de Heróis e Heroínas da Pátria depende de aprovação do Congresso Nacional. O livro fica guardado no monumento do Panteão da Pátria, em Brasília.
Na carta, o comandante da Marinha revela uma postura rancorosa contra João Cândido e os marinheiros que participaram da Revolta da Chibata: “A Força Naval não vislumbra aderência da atuação de João Cândido Felisberto na Revolta dos Marinheiros com os valores de heroísmo e patriotismo; e sim, flagrante que qualifica reprovável exemplo de conduta para o povo brasileiro”.
O comandante Olsen acrescenta ainda que a rebelião de 1910 foi um ato de “subversão” e de “ruptura de preceitos constitucionais organizadores das Forças Armadas”. Ele menciona também que o episódio desrespeitou a disciplina militar e causou mortes.
Ou seja, 114 anos após a insurreição dos marinheiros, a Marinha do Brasil prossegue com os ataques e o vilipêndio ao consagrado herói do povo brasileiro, cantado em prosa e verso nas ruas, praças e no Carnaval, a maior festa popular do Brasil.[25]
Os Passarinhos da Carioca, o hoje Largo da Carioca era uma área isolada do centro do Rio de Janeiro, cercada de manguezais, lagoas e morros. Em 1592, às margens da Lagoa Santo Antônio, que ficava onde hoje é o Largo, uma pequena ermida foi erguida pelos freis franciscanos. Alguns anos depois, iniciou-se a construção do Convento de Santo Antônio. No ano de 1615, foi inaugurada uma parte do Convento, além da Igreja de Santo Antônio. Para drenar a lagoa, os franciscanos abriram uma vala. O trajeto da vala deu origem à Rua da Vala, atual Rua Uruguaiana. Em 1619 foi iniciada a construção da Capela da Ordem, anexa à Igreja do Convento, sendo inaugurada em 1622. Em 1633, começou a obra de um novo templo, a atual Igreja da Ordem Terceira de São Francisco da Penitência, concluída em 1773. (No ano de 1933, passou a funcionar, neste conjunto arquitetônico, um Museu de Arte Sacra, referência no assunto no Brasil). Sob o governo de Antônio de Brito Freire de Menezes (1717-1719), iniciaram-se as obras de instalação de canos de água através da antiga Rua dos Barbonos (atual Rua Evaristo da Veiga) para trazer, para a cidade, as águas do Rio Carioca. Essa mudança possibilitou que uma grande parte da população do centro da cidade pudesse ter acesso à água com mais facilidade. Inaugurado em 1750, as águas brotaram aos pés em um chafariz de mármore, através de dezesseis bicas de bronze. Projetado pelo arquiteto Grandjean de Montigny, o novo chafariz ficou pronto em 1834, no mesmo local. A obra foi demolida em 1925. Mais de duas décadas depois, outra demolição marcou a história do Largo da Carioca. Uma parte do Morro de Santo Antônio foi posta abaixo para a construção do Parque Eduardo Gomes, entretanto a parte onde está localizado o convento e as igrejas foi preservada. Sob o aterro que desceu, foram abertas as avenidas República do Chile e República do Paraguai.
Nas palavras de Almirante:
“A musa das ruas mostrava assim a sua tristeza quando correu a notícia de que iria desaparecer o reduto famoso do povo no carnaval: a Praça Onze. A cantiga popular era um lamento, e encontrava eco e todos os corações amantes das tradições dessa Muito Leal e Heróica Cidade do São Sebastião do Rio de Janeiro [nome oficial do Rio]. Era consciência do povo que mostrava naquele verso triste encaixado em melodia mais triste ainda. Vão acabar com a Praça Onze... Já não era a primeira vez que a gente das ruas revelava o seu pesar pelas modificações que os urbanistas operavam ou pretendiam operar no corpo formoso desta cidade. Alguns anos antes, quando o [urbanista] francês [Alfred] Agache aqui estivera, pondo em povorosos humildes moradores da favela com a ameaça de que ia abaixo o morro histórico, também o povo cantou pela voz de Sinhô todo o seu pesar pelo que se projetava.
Minha caboca, a favela vai abaixo
Quanta saudade tu terás desse torrão
Tudo isso, ouvintes, vem a propósito do seguinte fato: vai acabar o Largo da Carioca. O largo histórico do chafariz, que desapareceu já há quase 20 anos. O largo onde existiu o quartel da guarda velha. O caminho obrigatório dos boêmios e das elegantes que rumavam da zona norte para a zona sul ou vice-versa, quando ainda não existia a Avenida Central. O largo de onde saía a Rua da Vala, e onde os crentes se aglomeravam antes de subir as escadinhas do vetusto convento de Santo Antônio. Vai desaparecer o encantador refúgio dos pardais. Máquinas possantes já revolvem o asfalto, e arrancam do solo as velhas raízes daquelas árvores cuja resistência em se despregar do solo prova a obstinação da alma daqueles vegetais que sabem que têm mais direito àquela terra que é a sua terra natal, que todos esses barulhentos automóveis estrangeiros que serão de agora em diante os donos daqueles brasileiríssimos pedaços de chão. Já ninguém mais ouvirá pela tardinha o chilreio alegre dos passarinhos que se aninham pelas árvores seculares. Já ninguém mais atravessará ali receosos das encomendas que possam vir do alto e que pareciam ter preferência especial pelas roupas brancas. Vai desaparecer o Largo da Carioca. E será que nenhum dos nossos compositores não encontrará nesse fato inspiração o bastante para escrever um lamento igual ao que já mereceram a Praça Onze e a Favela? Compositores do Brasil, aí está um tema magnífico ligado a acontecimento histórico! Vai desaparecer o Largo da Carioca. Tudo isso nos faz lembrar uma célebre música. Sucesso de há vinte e tantos anos atrás, que decantava os maus modos dos passarinhos daquele largo. Foi escrito pelo Luiz Nunes Sampaio Careca, e vai aqui ser apresentada numa curiosa instrumentação de Pixinguinha em que aparecem os pipilos dos passarinhos da Carioca numa imitação perfeita de violinos, flautim e flauta. Para finalizar o arranjo, numa transição de marcha viva para lenta, marcha de rancho, em forma saudosa, fica aqui toda a intenção de despedida do Pessoal da Velha Guarda ao tradicional Largo da Carioca.
Os passarinhos da carioca - Luiz Nunes Sampaio
Meu passarinho fugiu, fugiu
Meu passarinho voou, voou
Na carioca ele pousou
Em frente à noite tralalalala
Ai como é bom se ouvir cantar
Os passarinhos de lá, de lá
(bis)
Das cinco as seis cantam os passarinhos
Mas que delícia de ouvir cantar
Mas o barulho é infernal
Em baixo deles não se pode estar
Ai como é bom se ouvir cantar
Os passarinhos de lá de lá
(bis)
O Passarinho do Má, nas palavras de Almirante, para essa música escrita por Duque:
“A lembrança dos Oito Batutas em Paris faz também com que nos venha à mente um artista brasileiro que contribuiu enormemente para que a Europa viesse a conhecer alguns dos nossos costumes coreográficos: o famoso bailarino Duque. Quando os Oito Batutas se exibiram na capital francesa, lá estava o Duque, já figura acatadíssima nos meios artísticos e sociais na cidade. Já ele lá estava há muitos anos, ou pelo menos tinha estado por várias épocas seguidas. Fora ele o lançador do tango brasileiro, e mais tarde do maxixe brasileiro na Europa. Criador de uma técnica de dança em que predominava a elegância de movimentos, Duque firmou-se como expoente em sua arte. Entretanto, não era só bailarino o simpaticíssimo Antônio Lopes de Amorim Diniz, que este é o nome de Duque, era e é poeta e compositor e entre suas composições algumas chegaram a constituir legítimo êxito como foi o caso desta que vamos relembrar agora nessa passagem do Grupo dos Chorões. Trata-se de um samba que já tem uns 20 anos de idade. Apareceu em 1927, quando não houve que não o cantasse por toda a parte em festas nos teatros e pelas ruas. Seu nome é “Passarinho do Má” vamos apresentá-la ajudada aqui pelo nosso imenso coro de sempre.”
Passarinho do má - Duque
Passarinho do má tava cá
Não havia maneira de enxota
Passarinho do má tava cá
Não havia maneira de enxota
Meu roçado de “mio” secô
Meu cavalo de sela mancô
Meu cachorro de caça danô
Minha sogra de longe voltô
(refrão)
A corrente de prata partiu
O relógio na pedra caiu
O dinheiro do bolso sumiu
A mulhé que eu gostava fugiu
(refrão)
A geada os legume secou
O alambique do monte quebrô
Fez no sul deu na cana estragô
A cachaça da roça acabô
(refrão)
Água suja do monte desceu
O riacho num instante cresceu
O porquinho que tinha morreu
A mulhé a vergonha perdeu
(refrão)
Passarinho do má já voou
Ninguém sabe onde ele pousou
Passarinho do má se volta
Espingarda taí pra mata
Interessante levantar alguns paralelos em relação a está letra de crítica política ao então presidente Arthur Bernardes (1922 a 1927), apelidado de “Rolinha”, que foi alvo da primeira “fake news”, bem antes do gabinete do ódio, durante sua campanha presidencial. São certos modus operandi da primeira república que mantém ares de golpismo militar como prática constante e ansiada, como podemos ver claramente até os dias de hoje:
Há 100 anos, os brasileiros assistiram a uma das corridas presidenciais mais conturbadas da história. O vencedor foi o mineiro Arthur Bernardes. Nos meses que antecederam a eleição de 1922, os adversários do político espalharam fake news e insuflaram o Exército contra ele. No fim, questionaram a vitória e tentaram impedir a posse.
Os ataques começaram cinco meses antes da votação. Em outubro de 1921, o jornal carioca Correio da Manhã, opositor da candidatura de Bernardes, publicou duas cartas bombásticas atribuídas ao presidenciável.
Na primeira, o candidato chamou os militares de “essa canalha” e o marechal Hermes da Fonseca, ex-presidente da República, de “sargentão sem compostura”. Um banquete oferecido a Hermes pelo Exército, que desejava a volta do marechal ao poder, foi classificado de “essa orgia”. Para Bernardes, os “generais anarquizadores” precisavam “de uma reprimenda para entrar na disciplina”.
Hermes acabou não concorrendo. Em seu lugar na disputa, entrou o senador Nilo Peçanha (RJ), também ex-presidente do Brasil, imediatamente transformado no candidato dos militares.
Na segunda carta, Bernardes se referiu a Nilo como “moleque capaz de tudo” e escreveu que não tinha medo das classes armadas.
Arthur Bernardes logo denunciou que as cartas haviam sido escritas por um falsário, o que de fato seria confirmado por exames grafotécnicos. Mesmo assim, conforme mostram documentos de 1921 e 1922 guardados hoje no Arquivo do Senado, em Brasília, as cartas falsas repercutiram no meio político e chacoalharam a campanha presidencial.[26]
Bernardes era um nacionalista no melhor sentido da palavra, lutava por um Brasil para brasileiros:
É com este patriotismo que Bernardes se apresenta na Câmara Federal, em 18 de junho de 1937, para defender as jazidas de minério nacionais, tendo feito, dentre outras afirmações, as seguintes: - “A Câmara tem diante de si a mais delicada questão que se lhe tem posto, desde que o Brasil se separou politicamente de Portugal. É a questão do nosso minério de ferro. É o contrato da Itabira Iron. É a concessão perigosa e gratuita a um sindicato estrangeiro do monopólio do mais rico comércio de todo o mundo...
“Em 1950, quando comentários políticos internacionais envolviam a Amazônia brasileira, pretendendo entregá-la aos interesses mundiais. Bernardes afirma na Câmara Federal: - ... O Instituto da Hiléia não é questão partidária, mas nacional. È o Brasil em causa... Aprovar o convênio é consumar o desmembramento da Amazônia, ferir a soberania brasileira e separar do Brasil mais de um terço do seu território”.
“O petróleo, base de riqueza e de esperanças para este País, encontrou em Bernardes o seu ardoroso defensor, já que ele antevia a importância daquela fonte de energia, adormecida no subsolo brasileiro, e assediada por interesses internacionais”.[27]
A síndrome do vira-lata é uma constante na cultura brasileira, somos um povo menor, uma raça pior, a nós só cabe imitar, copiar, consumir os produtos do mundo civilizado, do mundo democrático e evoluído, que preza pelos direitos humanos e pela liberdade. Acredito que Duque também pensava assim, afinal apesar de baiano, que trocou a odontologia pelos palcos inventando uma dança, o maxixe, sucesso por toda a Europa. Mas era o Duque, um gosto por um título de nobreza que ainda hoje muitos gostariam de possuir. Digo isso com a certeza de ter uma família petropolitana que só por terem nascido na terra de D.Pedro com seus ares de império, se acham um tanto nobres. O colonialismo cultural é o mais sórdido e profundo tipo de colonialismo, pois coloniza a alma das pessoas, destruindo sua cultura e seu desenvolvimento.[28]
Profundidade da crônica do amor acima do dinheiro
Um Caboclo Abandonado - Benedicto Lacerda / Herivelto Martins
Quem visse aquele ranchinho
Lá na beira do caminho
À sombra do pinheiral
Parava cheio de espanto
Ao ouvir de dentro o canto
De um sabiá divinal...
Jamais alguém pensaria
Que nesse rancho existia
Um caboclo abandonado
Quem partiu, deixou lembrança
E ele guarda uma esperança
E ele canta amargurado.
A rola nunca se esquece
De onde fez seu primeiro ninho
O seu primeiro ninho de amor
Pode, rolinha triste,
Andar por onde quiser andar,
Mas ao seu primeiro ninho
Tem que voltar !
Chão de Estrelas - Sílvio Caldas e Orestes Barbosa
minha vida era um palco iluminado
eu vivia vestido de dourado
palhaço das perdidas ilusões
cheio dos risos falsos da alegria
andei cantando a minha fantasia
entre as palmas febris dos corações
meu barracão no morro do salgueiro
tinha o cantar alegre de um viveiro
foste a sonoridade que acabou
e hoje, quando do sol, a claridade
forra o meu barracão, sinto saudade
da mulher pomba-rola que voou
nossas roupas comuns dependuradas
na corda qual bandeiras agitadas
pareciam um estranho festival
festa dos nossos trapos coloridos
a mostrar que nos morros mal vestidos
é sempre feriado nacional
a porta do barraco era sem trinco
mas a lua furando nosso zinco
salpicava de estrelas nosso chão
tu pisavas nos astros distraída
sem saber que a ventura desta vida
é a cabrocha, o luar e o violão
O romantismo é uma forma de alienação social, afinal com muito amor qualquer miséria é benção, algo como o conceito de Marx sobre a religião ser o ópio do povo ou o mais brasileiro, que a fé cega é faca amolada. Temos de convir que a decadência da política e o absurdo crescimento do nível da intolerância e do preconceito se deve ao crescimento das igrejas evangélicas com seus “popstar” pastores. Deixar claro que religiões fazem parte do direito inalienável de todo cidadão, nem se faz necessário, porém, analisar o mal que religiosos fizeram ao mundo, se faz? Guerras Santas, Inquisição, Irlandas, Noite de São Bartolomeu, Palestinas, etc. não são fatos divinos e sim da cobiça e da crueldade segregativa que só seres que destroem o próprio habitat podem conceber. Sendo assim o amor que cega não vinga.
Mergulho no viés religioso
Olha Congo - Dario Ferreira
Divertiu gente? (viva)
Vira gerente de raça de umbanda? (viva)
Viva o axé de mais véio (viva)
Viva quem tem fé? (viva)
E quem não tem?
Alumã(1) com ele!
Olha congo
Olha congo ê
Olha congo
De macumbebê
Minha vida tem feitiço
Fui procurar um candomblé
Eu sou filho de Omorô
Que é Edô de pai Guiné
Pai Xangô me disse um dia
Que eu devia tomar cuidado
Você deixa essa mulata
Que o bonzô(2) dela te mata
Fui arroje de calaça(3)
Ela foi na encruzilhada
Meu caboclo pega pemba(4)
Foi risca linha traçada
Quem não sabe andar no mundo
Ficou por saber andar
E na fé do meu congá
Não me mate a alma já
(1) Planta abortiva muito usado pelos pobres nesta época
(2) Demônio, mal olhado, praga, macumba.....
(3) Arrojado na preguiça...
(4) Giz ou pó de giz usado para tirar o mal olhado
O samba vem da capoeira, que vem de dentro das manifestações religiosas, manifestações essas proibidas desde sempre, malvistas e malquistas, dentro de uma sociedade supostamente cristã. A intolerância religiosa é um fenômeno constante dentro das colonizações europeias e essa intolerância levou o negro, assim como o judeu na Europa (cristão novo), a transformar entidades africanas em entidades cristãs, rezando para uma imagem pensando em outra. Então temos algo como Nossa Senhora “porta voz” de Iemanjá!? A análise do branqueamento do samba tem de passar pelo religioso, cantado nessa descida do Gente do Morro em pontos como Primeira Linha de Heitor dos Prazeres e Olha Congo de Dário Ferreira. De certo temos a constante de apropriação da cultura negra pelo branco como disse Yvonne Maggie ao analisar os eventos do centenário da abolição em 1988.
“... o negro no Brasil é assunto do MinC e não do Ministério do Trabalho, da Saúde, da Justiça.
Yvonne também cita sobre sua tese, em entrevista para a revista Pesquisa Fapesp:
“Queria descobrir como a umbanda tinha sido tão perseguida e, ao mesmo tempo, crescido tanto a ponto de fazer com que o Rio de Janeiro fosse um terreiro a céu aberto.”
[1] Bacharel em Artes, Flauta Transversal, Composição e Regência (1981) pelas Faculdades de Artes Alcântara Machado FAAM-FMU. Criador e Idealizador do curso de MPB e Jazz do Conservatório de Tatuí, Festival Brasil Instrumental, Circuito Cultural, Orquestra de Câmara de Tatuí, Mostra Brasil Instrumental, Cambada Jazz Combo, Banda Curare, Projeto Benê O Flautista, Oficina e Exposição Temática Benê, Projeto Pixinga O Arranjador, Banda Brasil Instrumental, Oficinas de Resgate de Bandas, Janelas Contemporâneas, Músicos sem Fronteiras e muitos outros projetos e trabalhos premiados dentro e fora do país. Atualmente é pós-graduando no PPGMUS da UDESC. Paulo Flores é músico, educador, pesquisador, poeta, ilustrador, um artista mais-valia, que se aproveita das muitas linguagens da arte pra se manifestar, pois a arte mora no artista.
www.pauloeflores.com www.movimentosemtela.art.br www.brasilinstrumental.com Paulo Flores | Facebook Paulo Flores - YouTube Paulo Flores (@pauloeflores.br) • Fotos e vídeos do Instagram Paulo Flores | Spotify Paulo Flores on Apple Music
[2] https://www.facebook.com/watch/?v=443150686452562
[3] https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/4b/O_choro_-_reminisc%C3%AAncias_dos_chor%C3%B5es_antigos%2C_de_Alexandre_Gon%C3%A7alves_Pinto.pdf
[4] https://www.scielo.br/j/rieb/a/9zhYgfdt4qcqtBPxvpLZDQJ/?format=pdf
[5] https://www.facebook.com/watch/?v=443150686452562
[6] https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/4b/O_choro_-_reminisc%C3%AAncias_dos_chor%C3%B5es_antigos%2C_de_Alexandre_Gon%C3%A7alves_Pinto.pdf
[7] https://www.scielo.br/j/rieb/a/9zhYgfdt4qcqtBPxvpLZDQJ/?format=pdf
[8] https://www.maritaca.art.br/bene1+cd.html
[9] Músicas em negrito já disponíveis em pdf e áudio em http://www.brasilinstrumental.com/2do-congreso-de-m-sica-popular (em breve todas estarão diponíveis)
[10] O Samba – Texto do encarte do boxset Benê, o flautista - Paulo Flores (2007)
[11] https://open.spotify.com/intl-pt/artist/4F2HzLUkBM0WC7kcH2oTVW
[12] https://open.spotify.com/intl-pt/track/03DhTlUZWQdsszc2blf2aO
[13] https://open.spotify.com/intl-pt/track/1EkHFT0LxTwYkJfScH3dtR
[14] https://open.spotify.com/intl-pt/track/148apWwnagLd09sTTWhDu8
[15] https://open.spotify.com/intl-pt/track/5Xy15CnrxJaZ0QduwUFHlO
[16] Depoimento de Canhoto a Zuza Homem de Mello, presente no encarte do disco “O Choro dos Chorões” (RCA Camden 107.0267)
[17] https://open.spotify.com/intl-pt/track/2rtYcBh78aJ4pBqA87Jsbu
[18] https://open.spotify.com/intl-pt/track/3AedqeWjodtC3CtnYsycw1
[19] https://open.spotify.com/intl-pt/track/31pgRcyBbvjVr78KrxXgsX
[20] A Dupla – Texto do encarte do boxset Benê, o flautista - Paulo Flores (2007)
[21] https://open.spotify.com/intl-pt/album/5id2LwZXfpIWm0lV3wqvYH
[22] https://open.spotify.com/intl-pt/track/6d9MRsOb2Kc12o9Q8Ouwzi
[23] https://open.spotify.com/intl-pt/track/4cRM0G4DPLTlfGdCOz3Yy9
[24] Programa O Pessoal da Velha Guarda comandado por Almirante – 05/11/1947 – Encarte Benê, o Flautista (Flores 2007)
[25] Milton Alves é jornalista, pós-graduado em Ciência Política e autor dos livros “Brasil Sem Máscara – o governo Bolsonaro e a destruição do país”[Editora Kotter, 2022] e de Lava Jato, uma conspiração contra o Brasil” [Kotter, 2021], entre outras obras. É militante do PT em Curitiba.
[26] https://www12.senado.leg.br/noticias/especiais/arquivo-s/em-1922-eleicao-teve-fake-news-e-resultado-questionado
[27] http://www.personagens.ufv.br/?area=arthurBernardes
[28] https://www.marcelobonavides.com/2020/09/relembrando-duque-67-anos-de-saudade.html